segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pelo fim da publicidade dirigida às crianças



A lentidão brasileira ao regular a publicidade de produtos e serviços destinados a crianças e adolescentes anda na contramão do cuidado que se espera do poder público em situações nas quais os interesses comerciais do mercado podem interferir no desenvolvimento da cidadania. E só atende aos interesses dos anunciantes.

A publicidade cria e amplia o desejo pelo consumo, é sabido. Com adolescentes (seres em processo de formação identitária), e crianças (que não têm ainda todas as ferramentas intelectuais que lhes permitiriam construir o real), a publicidade tem chances enormes de convencer sobre a “necessidade” ou sobre a “vontade” de um objeto e incentivar o consumismo.

As crianças precisam de tantos brinquedos que vêem anunciados e passam a querer? Como os pais devem lidar com o fato de não poderem dar todos os brinquedos? O que é necessário?

No caso dos adolescentes, a publicidade age sobre seu processo de formação da identidade, como se ter a marca tal, ou a roupa da grife da moda pudesse fazê-los mais ou melhores. Pior ainda quando impõe padrões estéticos inalcançáveis ou absolutamente dispensáveis para o desenvolvimento saudável do ser humano. Teria o número crescente de transtornos alimentares que vemos no Brasil alguma ligação com essas imagens? De que forma o padrão estético dialoga com a saúde?

A publicidade mostra sua face mais cruel quando se pensa nas crianças e adolescentes que não podem ter, efetivamente, acesso às mercadorias anunciadas. A publicidade diz às crianças e adolescentes que elas precisam consumir para se impor socialmente. Os danos causados ao desenvolvimento infantil são aguçados para meninos e meninas em situação permanente de vulnerabilidade, pela privação de acesso aos objetos desejados.

Proibir a publicidade para crianças e adolescentes no Brasil é proteger meninos e meninas hoje completamente expostos aos efeitos danosos da publicidade. Bélgica, Dinamarca, Grécia, Irlanda, Itália, Noruega, Suécia, Inglaterra, entre outros, regulam a publicidade voltada para o público infantil e juvenil. Será que todos esses países erraram?

1 CONFECOM - conferencia nacional de comunicacao

Pelo fim da publicidade de bebidas alcoólicas!

Curioso!
O Brasil proíbe que as pessoas dirijam se beberem.
Não permite a venda de álcool para crianças e adolescentes.
Até quando vai permitir que sejam enganados pela publicidade de bebidas alcoólicas?





A estratégia publicitária da indústria de bebidas alcoólicas alia a bebida aosporte, a conquistas amorosas e de status, misturando realidade com apelo ao uso de bebidas. Apenas na publicidade que assedia o imaginário esporte, relacionamentos bem-sucedidos e álcool caminham juntos. A propaganda de cerveja é exemplo completo da transformação dos corpos em objetos e de oferta de falsos atalhos para a felicidade. Essa publicidade é enganosa. Álcool, beleza e sucesso não são sinônimos.
Assim, é preciso estabelecer políticas públicas que sejam efetivadas em todo o território nacional, garantindo aos cidadãos o direito de ser bem-informados sobre os produtos que lhes são oferecidos. Regular não é cercear o direito dos indivíduos, mas prover proteção social e garantir o direito a informações corretas sobre as mercadorias ofertadas. No Brasil, a regulação é feita pela própria publicidade, baseada, em tese, na proteção a crianças e adolescentes e na proibição de induzir ao consumo abusivo e irresponsável de bebidas alcoólicas. Ora, propagandas em lugares ensolarados, animados e bonitos não são atraentes para adolescentes? Essa autorregulação não funciona!
Mesmo as leis existentes seguem descumpridas: não restringem, por exemplo, a propaganda de cerveja, resultado da pressão do poderosíssimo lobby da indústria de bebidas e da publicidade, que movimentam milhões de reais. A regulamentação não é obedecida. A indústria cria artifícios legais para burlar as restrições à publicidade. Isso não deve ser aceitável! Por isso a Psicologia posiciona-se pelo fim da publicidade de bebidas alcoólicas!

Texto do Conselho Federal de Psicologia http://comunicacao.pol.org.br
 
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