Poucas vezes eu posto um texto escrito por outra pessoa, mas ao ler trecho não poderia retirar nem por nenhuma palavra... aí vai, por Pe. Fabio de Melo, no prefácio do livro de Diego Fernandes: "Quero um amor de verdade".
O amor é um atributo humano que nos antecipa no tempo aquilo que já é eterno. Antecipar o céu, por meio de nossa capacidade de amar, é um jeito bonito que temos de recolher na carne de nossa humanidade o que Deus fez questão de esquecer entre nós.
Santo Agostinho nos dizia com sabedoria que Deus nos amou para que tivéssemos amor com que amar. O amor humano, ainda que marcado pelos limites de nossa condição adâmica, pode ser lugar da manifestação de Deus na história. O nosso amor humano é epifânico; é sarça que arde sem se consumir, porque a energia que produz o fogo não vem de nós. Deus está na fonte de todo amor.
Camões poetizou bem ao dizer que é fogo que arde sem se ver. Gabriel Marcel intuiu maravilhosamente ao filosofar, que só o amor é capaz de nos resgatar da morte. Adélia Prado, maternalmente nos revela, que tudo aquilo que a memória amou já ficou eterno…
Não é possível falar de amor sem antes passar pela experiência de ter essa adaga cortando-lhe a alma. Só as almas cortadas pela lâmina do amor poderão viver a cicatriz que nos identifica como amantes da vida.
Que seja assim. Que na linguagem nós possamos redescobrir a graça de nortear nossos amores, desafiar nossos temores, e seguir pela vida, amando, morrendo e ressuscitando.
Ninguém ama sem morrer um pouco, mas ninguém é amado sem ressuscitar também. Por isso precisamos dos dois movimentos do amor. Na morte, o empenho que nos prepara como humanos. Na ressurreição, a delícia de já poder sentir na carne o surpreendente sabor daquilo que já é eterno.Só o amor pode nos movimentar para a eternidade. Que essas palavras tão cheias de sabedoria sejam um remanso a nos conduzir.
Com carinho, benção e desejo de alegrias,
padre Fábio de Melo.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
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