sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Casamento e dinheiro


Dentre tantos assuntos tratados anteriormente, o tema desse mês sobre economia doméstica, talvez não pareça tão interessante como assuntos comportamentais, mas não podemos negar que é de grande necessidade que cada casal viva uma harmoniosa administração do lar e do dinheiro. No matrimônio passamos a dividir o mesmo teto, partilhamos as responsabilidades, as contas, ou seja todo matrimônio é chamado a uma comunhão. Atualmente vemos uma onda de casais querendo viver sem comunhão de bens, em quartos separados, temendo conflitos, buscam apenas um relacionamento sem muito envolvimento em todos os sentidos. É a realidade de muitas pessoas afetivamente feridas e sem confiança no ser humano.

Vemos muito presente na terapia de casais que na maioria da vezes o dinheiro não costuma ser o foco principal, mas as discussões sobre as finanças são muito comuns. Em
geral, as discussões sobre dinheiro surgem como desdobramento de outros conflitos já existentes. Muitos casais reclamam que o dinheiro por vezes atrapalha os relacionamentos. Casais onde os dois trabalham muitas vezes vivem cada um da sua forma, achando ser impossível essa administração familiar e não individualista. Por meio do diálogo é importante buscar saber se esse é verdadeiramente o ponto principal, ou apenas a ponta do "iceberg" de outra mágoas pequenas acumuladas ao longo do tempo, e que transbordam quando surge o assunto dinheiro? Vale refletir!

Dificuldades financeiras são uma realidade que todo casal precisa estar preparado para enfrentar, se tornando aliados um do outro, e não inimigos. Fortalecendo assim seus laços nos momentos de tempestade e turbulências. Vivemos em uma sociedade que super valoriza o consumo, o excesso de trabalho e lucro, mas que também vive em constantes crises econômicas e políticas.
Estaremos sempre sujeitos aos impactos do trabalho, do dinheiro, da administração do lar, da divisão de tarefas, o que em alguns momentos vai repercutir sobre o equilíbrio familiar, portanto cabe a nós cristãos sermos luzeiros nessa noite escura, focando nossa vida familiar mas no ser do que nos ter ou acumular. 

Precisamos fugir dessa cultura do descarte, da cultura de não privar nossos filhos de nada que eles querem, de valorizar mais os brinquedos do que as brincadeiras. Precisamos estar atentos a educação financeira dos nossos filhos, onde eles compreendam que o consumo não deve ser um alívio para nossas tristezas, e que é preciso sempre analisar se precisamos mesmo disso tudo que a mídia nos coloca? Educar um censo crítico que servirá para toda sua vida não só financeira. Tornando assim o consumo mas racional e responsável do que emocional. Quando uma criança alimenta o desejo de ter um brinquedo, não podemos matar com rapidez esse desejo, tornado assim nossos filhos fracos na vontade, e sem capacidade de alimentar o desejo, para que dêem valor ao que tem. É muito educativo os filhos vem seus pais lutando para ter uma casa própria, um trabalho digno, ou outros bens, demonstrando o valor do trabalho e das etapas de luta para adquirir as conquistas. Hoje vem um elevado número de famílias se endividando em parcelamentos pois não sabem gestar um desejo, muitos jovens só querem se casar quando já tiverem conquistado tudo, casa, carro, e privam seus filhos do aprendizado tão importante para que aprendamos a lutar por nossos sonhos juntos e sem queimar etapas. 

Como nos diz o salmista "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem" (Sl 126, 1), salmo muito citado em casamentos, e que precisa alimentar nossa fé no cuidado e na providência de Deus em nossa vida familiar e financeira. Paz e bem!
 
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