A lentidão brasileira ao regular a publicidade de produtos e serviços destinados a crianças e adolescentes anda na contramão do cuidado que se espera do poder público em situações nas quais os interesses comerciais do mercado podem interferir no desenvolvimento da cidadania. E só atende aos interesses dos anunciantes.
A publicidade cria e amplia o desejo pelo consumo, é sabido. Com adolescentes (seres em processo de formação identitária), e crianças (que não têm ainda todas as ferramentas intelectuais que lhes permitiriam construir o real), a publicidade tem chances enormes de convencer sobre a “necessidade” ou sobre a “vontade” de um objeto e incentivar o consumismo.
As crianças precisam de tantos brinquedos que vêem anunciados e passam a querer? Como os pais devem lidar com o fato de não poderem dar todos os brinquedos? O que é necessário?
No caso dos adolescentes, a publicidade age sobre seu processo de formação da identidade, como se ter a marca tal, ou a roupa da grife da moda pudesse fazê-los mais ou melhores. Pior ainda quando impõe padrões estéticos inalcançáveis ou absolutamente dispensáveis para o desenvolvimento saudável do ser humano. Teria o número crescente de transtornos alimentares que vemos no Brasil alguma ligação com essas imagens? De que forma o padrão estético dialoga com a saúde?
A publicidade mostra sua face mais cruel quando se pensa nas crianças e adolescentes que não podem ter, efetivamente, acesso às mercadorias anunciadas. A publicidade diz às crianças e adolescentes que elas precisam consumir para se impor socialmente. Os danos causados ao desenvolvimento infantil são aguçados para meninos e meninas em situação permanente de vulnerabilidade, pela privação de acesso aos objetos desejados.
Proibir a publicidade para crianças e adolescentes no Brasil é proteger meninos e meninas hoje completamente expostos aos efeitos danosos da publicidade. Bélgica, Dinamarca, Grécia, Irlanda, Itália, Noruega, Suécia, Inglaterra, entre outros, regulam a publicidade voltada para o público infantil e juvenil. Será que todos esses países erraram?
Curioso! O Brasil proíbe que as pessoas dirijam se beberem. Não permite a venda de álcool para crianças e adolescentes. Até quando vai permitir que sejam enganados pela publicidade de bebidas alcoólicas?
A estratégia publicitária da indústria de bebidas alcoólicas alia a bebida aosporte, a conquistas amorosas e de status, misturando realidade com apelo ao uso de bebidas. Apenas na publicidade que assedia o imaginário esporte, relacionamentos bem-sucedidos e álcool caminham juntos. A propaganda de cerveja é exemplo completo da transformação dos corpos em objetos e de oferta de falsos atalhos para a felicidade. Essa publicidade é enganosa. Álcool, beleza e sucesso não são sinônimos. Assim, é preciso estabelecer políticas públicas que sejam efetivadas em todo o território nacional, garantindo aos cidadãos o direito de ser bem-informados sobre os produtos que lhes são oferecidos. Regular não é cercear o direito dos indivíduos, mas prover proteção social e garantir o direito a informações corretas sobre as mercadorias ofertadas. No Brasil, a regulação é feita pela própria publicidade, baseada, em tese, na proteção a crianças e adolescentes e na proibição de induzir ao consumo abusivo e irresponsável de bebidas alcoólicas. Ora, propagandas em lugares ensolarados, animados e bonitos não são atraentes para adolescentes? Essa autorregulação não funciona! Mesmo as leis existentes seguem descumpridas: não restringem, por exemplo, a propaganda de cerveja, resultado da pressão do poderosíssimo lobby da indústria de bebidas e da publicidade, que movimentam milhões de reais. A regulamentação não é obedecida. A indústria cria artifícios legais para burlar as restrições à publicidade. Isso não deve ser aceitável! Por isso a Psicologia posiciona-se pelo fim da publicidade de bebidas alcoólicas!
Texto do Conselho Federal de Psicologia http://comunicacao.pol.org.br
Esse e o titulo do novo cd do Rosa de Saron, acabei de escutar ta velendo a pena, chegou para ficar! So nao sei se os visinhos gostaram pois eu lavei a roupa hoje ao som de "mesma brisa"...risos
Visite e conheca a nova musica carro chefe do cd: www.myspace.com/bandarosadesaron
Nesse fim de semana eu estava em Resende. Sábado após o almoço a conversa iniciou no questionamento se hoje já se iniciava o tempo do advento? Seria a partir das 18h? Como os judeus tinha o costume de considerar que já era outro dia quando o sol se punha. Logo devagar não sei como, a conversa desencadeou no livro do Pequeno Príncipe de inicio nenhuma semelhança entre uma coisa e outra, eu pensava. Domingo cheguei eu em casa, quando foi a Missa me deparo com um texto sobre o advento logo no folheto:
"o Advento e o tempo litúrgico que infunde em nos o ansioso desejo. Desejamos a chegada do amigo: 'Se tu vens, por exemplo, as quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz' (Antoine de Saint Exupery).
Ufa! Foi dormir com um desejo gostoso de escrever, mas o cansaco foi maior... chego agora para escrever depois dessa espera e lindo ver muito Exupery tem a nos ensinar sobre a espera... Advento, o que a de vir
Adriana casou-se!!! Pra quem quiser acompanhar as fotos acesse o site - http://www.adrianaonline.com.br Abraço e peco perdão, pela minha falta temporária de acentuação( o meu pc não ta com a configuração certo...risos) E não se esqueça de rezar uma ave-Maria pelo casal!!!
As celulas que deram origem a você No sopro do Criador Na intensidade e no amor Não só nas celulas do meu utero você sempre existiu Aqui dentro de mim Talvez seja por isso que não consigo mais me imaginar sem você Deus nos fez não só pra eternidade, mais sim na eternidade do tempo Filho você sempre existiu em Deus Nele onde tudo de encerra, e se gera. Chamaria isso de um poema, pois não tenho pretenção nenhuma de entender os mistério de Deus Criador. Somente quero miseramente glorificar Deus que é beleza, em seus reflexos de eternidade. Criança entende muito mais sobre a eternidade do que nós Quando agente é criança dizem que não entendemos nada, e nós calados entendemos tudo Quando crecesmos dizem que entendemos tudo, quando na verdade falamos, falamos teoremas, mais nao compreendemos nada. Num coraçao de criança nasce o instante poetico no tempo e na eternidade do agora.
Senhor O ser humano é um sacrário, Fazei com que eu sempre me aproxime de joelhos. Senhor O ser humano é um mistério, Fazei com que sempre eu o respeite. Senhor O ser humano é uma loucura, Fazei com que eu possa distinguir sempre a minha e a do paciente. Senhor O ser humano é uma permanente surpresa, Fazei-me aberto para aceitar o diferente. Senhor O ser humano é infinito, Fazei com que eu aceite esta incompletude. Senhor O ser humano é uma maravilha, Fazei com que eu sempre me surpreenda. Fazei Senhor Com que eu jamais seja onipotente. Que eu jamais seja impositivo. Que eu sempre respeite a liberdade, a condição humana e a autonomia do paciente. Enfim, Senhor, Fazei com que eu O Sirva, Servindo o paciente e com ele aprendendo que somos todos iguais e diferentes. Amém!
Feliz dia do Psicologo aos meus amigos de profissão!!
Nesse mes de Agostao em que a Igreja nos convida a olhar mais de perto as questoes vocacionais, nada melhor que pensar em cada jovem que vive seu dilemas vocacionais. Seria muito ousada da minha parte dizer, mais vou dizer: não existe jovem que nao viva seu dilema vocacional, até aqueles que nem sabem que todos somos vocacionados, como bem diz JP II
“A semente de uma vocação existe no coração de cada jovem, e está esperando somente pela oportunidade de germinar” Jõao Paulo II
Amigo jovem, pense nisso!!! Deus tem uma enorme vontade de nos fazer felizes, mais agente tem a nossa parcela de colaboracao, que ninguém nos substitui. Não percamos tempo sofrendo sozinhos, pois Jovens Unidos Venceram Com Cristo. E aí sim somos mais que vencedore por Aquele que nos amou, cada Grupo tem sua identidade, conheça o JUVECC ... pelo blog referente nos links ao lado.
obs: atualmente não consegui entrar mais no blog, acho que ta fora do ar, mais tem um site que abriga grande parte desse apostolado também http://www.teologiadocorpo.com.br/
vale a visita!
Vinde Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os corações com vossos dons celestiais. Vós sois chamados o Intercessor de Deus, excelso Dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.
Sois doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai, por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamais. A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli, e concedei-nos vossa paz, se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás. Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer. Amém!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
"Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio" (Heraclito)
"Tomei-te em meus braços, amo-te, prefiro-te a minha própria vida. Porque a vida presente não é nada, e o meu sonho mais ardente é passá-la contigo, de maneira que estejamos certos de não sermos separados na vida futura que nos está reservada..." (São João Crisóstomo cf. Cic 2365)
No meu coraçao de jovem eu estava fazendo meu ultimo ano de Crisma, quando a catequista disse em tom de quem sabia o que estava dizendo: ~A Biblia caminha em tudo com a gente na vida, até quando quiserem buscar inspiracao para escrever uma carta de amor, é só ir ao livro de Cantico dos Canticos~. Aprimeira coisa que fiz quando chequei em casa foi ver se aquele livro de verdade estava na minha Biblia também. Para minha surpresa, lá estava ele poetico, meloso, sedutor, para inicio de conversa fiquei meio asustada em cada linha que eu ir lendo. Como não foi diferente nesta frase acima de São João Crisóstomo, pouco sentido tinha para mim. Hoje casada, a pouco mais de dois anos, e mae de um filhinho lindo, quando penso em amor, sexualidade, sensibilidade, carinho, ternura, percebo como isso tem tanto haver com Deus. Nossa que Deus fecundo, amoroso!!! Eu diria mais, não saberia pensar em isso tudo sem Deus! Como é bom amar, como é bom ser em Deus que é puro Amor.
Faz tempo que quero publicar esse artigo no Blog, mais pra dizer a verdade to arriscando, por que não sei se já publiquei, talvez eu não tenha publicada ainda pelo tamanho do artigo, quem conhece o blog sabe que não gosto de publicar artigos longos, mais esse vai ser uma exceção, os corajosos em lê-lo inteiro vão com certeza não vão se arrepender. Aproveitando o feriado e esse tempo Pascal, to na casa dos meus pais, e quero com essas palavras desejar a você uma Feliz Pascoa, sem coelhinho mais sim com o Cristo Vivo no meio de nós.
Esse artigo é daqueles que dizem muito que eu gostaria de dizer e não foi capaz. Você vai estar me boas mãos, Emmir Noqueira, em FOI SE O TEMPO:
Foi-se o tempo, Graças a Deus!
Lembro-me do tempo em que quem queria ser santo tinha de ser padre ou freira. Não havia opção de santidade fora essa. E – vantagem das vantagens! – este estado de vida era garantia quase total de céu. Era por volta de 1964 e eu conversava muito com a freira responsável pela livraria do meu colégio. Como não tinha dinheiro para comprar as revistas sobre a vida dos santos – e como ela estava interessada em me “fisgar” para ser lourdina - permitia-se uma pequena infração: passava-me, disfarçadamente, uma vez por mês, uma revista em quadrinhos que contava a vida do santo do mês, desde que me comprometesse em ler sem amassar as folhas e devolver no dia seguinte.
Revista oculta no fichário, lá ia eu, com ar de inocente e me sentindo privilegiada, aprender o que, para a época, significava ser santo: sofrer, sofrer muito, muito mesmo e deixar tudo para seguir Jesus como padre ou freira. Não havia outra maneira de seguir Jesus. Tinha-se, sobretudo, que não se casar. Os exemplos de pessoas casadas que se haviam tornado santos resumiam-se, que eu me recorde, a Santa Rita e Santa Beatriz, que se haviam casado obrigadas pelos pais, pois desejavam a virgindade que, na época, era o sinônimo mais corrente para castidade e pureza. Ora, estas duas santas tiveram de sofrer horrores, com seus maridos adúlteros, grosseiros, beberrões, incrédulos, blasfemos. Santa Rita vê morrer os dois únicos filhos e também o marido. Fica, assim, “livre” do que lhe estorva a vocação e consegue, através de um milagre, ingressar no convento, onde, depois de muito sofrer torna-se santa.
Beatriz, uma vez morto o marido que lhe impedia a caminhada para a santidade, deixa com a mãe uma filha doente mental e, para fundar sua congregação, passa sobre o corpo da mãe que se havia deitado na soleira da porta para impedir sua saída. Seu outro sofrimento, além do marido e do casamento, era ser extremamente bela e perseguida durante toda a vida pela inveja à sua beleza. No rol das belas figurava também Santa Cecília que, embora desejosa de permanecer virgem, viu-se obrigada a casar-se e tornou-se santa graças ao martírio.
Hoje em dia, as mesmas histórias, das mesmas santas, não seriam contadas da mesma forma. Mas naquela época, era assim que eram narradas. Até o Vaticano II, findo em 1965, o que vigorava, além da famosa missa em latim, era: leigos não têm nenhum papel na Igreja, os padres são superiores aos religiosos, que são superiores às religiosas, que são superiores aos virgens consagrados que são superiores – com grandes vantagens – aos leigos, especialmente os casados. Na mentalidade daquela época, quem se casava podia até lucrar um naco de céu, mas graças ao mérito dos que entregavam sua vida a Deus como padre ou freira, religioso ou celibatário. Era graças a eles que os leigos, mormente os casados, podiam pensar em ter alguma chance, não de serem santos canonizados, mas de se salvarem e passarem a eternidade em algum cantinho esquecido do céu, reservado aos de segunda categoria.
Esta mentalidade era alimentada por outro absurdo: a crença de que quem se casava fazia-o por ser por demais fraco, por não resistir aos apelos do sexo, por não ter têmpera bastante para o sacrifício e renúncia à atividade sexual por amor a Deus. Era esta a interpretação que se dava a I Cor 7,8: “Aos solteiros e às viúvas digo-lhes que é melhor ficar como eu. Porém, se não podem conter-se, casem-se: e melhor casar do que abrasar-se.” Naquela época, como já disse, virgindade e castidade eram a mesma coisa. Só era casto quem era virgem. Quem era “fraco” e casava-se não tinha como permanece casto, uma vez que o ato conjugal era sinônimo de falta de castidade e o amor humano era visto como um “roubo” ao amor exclusivo a Deus, um perigoso divisor de corações. A mediação humana do amor de Deus e a Deus não era sequer considerada na época.
Segundo esta visão, aquele que permanecia virgem vivia o sexto mandamento, os casados o infringiam. Os virgens eram, portanto, superiores em santidade aos casados, eram mais perfeitos do ponto de vista moral, menos susceptíveis ao pecado, eram “puros”, esposos de Jesus e não de homens. A Ele amavam com amor superior, sem divisões, sem intermediações do amor humano.
Hoje em dia, para os mais esclarecidos, tal mentalidade parece piada. No entanto, escondido atrás de alguma porta, ainda se pode encontrar, 40 anos depois do Concílio e duas décadas após a Familiaris Consortio, quem pense assim ou traga, ainda, o ranço desta visão que não corresponde, de forma nenhuma ao que hoje pensa a Igreja.
Era desse jeito que eu pensava a cada mês quando ia devolver minhas revistas não dobradas à freira da livraria, com o coração e a cabeça cheios de sonhos de heroísmo, martírio e santidade. Queria ser santa, ir para a África, continente para cujas missões meu grupo de “cruzadinhas” fazia sacrifício e angariava esmolas. Sonhava, de preferência, morrer por lá, cozida em algum caldeirão dos pigmeus incréus, porque sofrer longamente não era comigo. Meu coração adolescente preferia o heroísmo grandioso àquele escondido, de cada dia. O casamento se me afigurava como um mal necessário à preservação da espécie e que traz, inexoravelmente, grande sofrimento, após o qual, se tivesse sorte, ficaria livre para me tornar freira e, assim, santa. Você não imagina, assim, minha tremenda decepção quando, um belo dia, minha amiga freira, interessadíssima em minha vocação para lourdina, me disse, com clareza: “Maria Emmir, porque você não começa a rezar pelo rapaz com quem se casará?”
Horror! Frio na barriga! Decepção! Havia sido recusada ainda na fila para uma vaga no time da santidade! Era tímida demais para perguntar o porquê da recusa (sim, já fui tímida um dia!) e, convencida de que eu era uma cristã de segunda categoria, comecei a rezar, resignada, um terço por dia pelo rapaz com quem me casaria. Era amiga de Nossa Senhora e ia à missa sempre que podia e todos os domingos, mas havia enterrado meu sonho. Não tinha mais como ser santa, pois era destinada ao time dos fracos, dos que se casam, dos que são impuros, dos que não têm acesso aos altares.
Foi com esta mentalidade que comecei minha amizade com o jovem Moysés, comendo, resignada, as migalhas da mesa dos filhos, aquelas que sobram para os cachorrinhos. Uma vez que ele e os que podiam ainda ser santos abraçassem seu ideal, eu pularia fora. Teria cumprido minha missão de casada “impura”: ajudar os “puros”, os “virgens” a alcançar a santidade. Quase cai para trás quando, ao delinear-se pouco a pouco a comunidade, ouvi do Moysés que haveria lugar para os casais, para as famílias, para os casados. Enlouqueci durante várias semanas ao ler, no que hoje chamamos “Escritos” que o amor esponsal era para todas as idades, para ambos os sexos, para todos os estados de vida. Também para os casados!!!
Lembro-me de ter perguntado várias vezes ao Moysés, se ele tinha certeza do que dizia, se, realmente, a oração profunda e o amor esponsal eram para todos. Estávamos, então, a vinte anos do Concílio Vaticano II e eu, com minha mentalidade pré-conciliar, ainda me chocava em pensar que “os meninos do Shalom” poderiam namorar e até casar-se e continuarem a desejar ser santos. Ainda me sentia um extra-terrestre, com a terrível sensação de vir a estragar, com minha presença de casada, a obra que Deus queria fazer. O pior é que não faltavam homilias que reiterassem minha mentalidade tridentina, a ponto de, um dia, ter de retirar-me da missa a tentar conter o choro diante das acusações por minha leviandade em participar de uma comunidade. Dei trabalho ao Espírito Santo e ao Moysés que me tentavam convencer do contrário: a santidade, a oração profunda, o amor esponsal eram para todos, absolutamente todos, inclusive os casados.
Hoje, plenamente convencida, sou alimentada pela exegese mais moderna de I Cor 7,7. O casamento é um carisma. O celibato é outro carisma: “desejaria que todos fossem como eu; só que cada um recebe de Deus o seu carisma, alguns este, e outros aquele”, diz a tradução mais atualizada. Sou iluminada pelo Magistério, que considera casto aquele que vive a virgindade consagrada, mas também aquele que vive o matrimônio segundo o Evangelho e a Igreja. Sou sustentada pela vocação que abre o amor esponsal a Jesus Cristo não somente aos celibatários mas também, e em igual medida, aos casados. Sou alimentada por São João da Cruz que define a santidade como vivência da caridade e unidade com a Trindade por participação no amor. Sou consolada pela amizade e partilha acerca da vida espiritual e do amor esponsal com senhoras e senhores casados da parte de João da Cruz e de Teresa de Jesus. Sou surpreendentemente inspirada por Raniero Cantalamessa que, com base nos padres da Igreja vê no ato conjugal e vivencia familiar uma expressão da vida de amor intratinitária e de seu constante e eterno movimento de kénosis e koinonia, de dar-se e acolher o outro e assim ser um com ele.
Hoje, suspiro, aliviada, ao ler os escritos de minha vocação sobre sermos, todos, almas esposas de Jesus e ao ouvir de santos vivos como Chiara Lubich que Deus virginiza pelo amor os que vivem castamente seu matrimonio e os que direcionam castamente sua vida para a caridade. Alegro-me com Teresa de Calcutá que aponta o amor à família como meio incomparável de santificação, fazendo eco a João Paulo II, que redefine santidade não como pureza moral ou impecabilidade, mas como ilimitada e sempre renovada confiança na misericórdia de Deus.
Foi-se o tempo, graças a Deus, em que, para ser santo era preciso, sobretudo, não casar-se. Hoje, lembro-me da pequena freira da livraria e vejo nela uma profetiza não só para o discernimento de minha vocação pessoal como para toda uma geração de cristãos leigos, chamados a viver o sacerdócio comum do seu Batismo independente de seu estado de vida. A esta irmãzinha, de cujo nome não me lembro, vestida de beije com uma longa faixa azul à cintura, filha de Nossa Senhora de Lourdes, devo muito mais do que posso expressar. Devo minha felicidade conjugal e o abraçar, de certa forma profeticamente, a vocação que abriu a todos os estados de vida, rasgadamente, preto no branco, a oração profunda e o amor esponsal a nosso Senhor Jesus Cristo.
Sim, foi-se o tempo em que casar significava renunciar a nada mais nada menos do que a santidade. Podemos nos casar, se este for nosso carisma, e, abraçando nosso chamado, sermos santos pela misericórdia de Deus, pela vivência da caridade, da fé e da esperança, pela correspondência ao amor esponsal de Jesus Cristo, nascido em uma família humana. Foi-se o tempo, graças a Deus.
Ao meu caro leitor, você mesmo com quem divido minha vida, meu caminho, questionamentos existenciais, e tudo que norteia a vida concreta. Poderia dar muitas justificativas, mais antes de toda essa papagaise, peço desculpas por não ter postado nada neste período. Tem sido um tempo intenso, cheio, não posso dizer que estou sem tempo para escrever, pois meu dia tem as mesmas 24h do seu dia, e você esta arrumado o seu precioso tempo para ler o que estou escrevendo aqui. Deixei meu emprego, minha casa, meus parentes e amigos, há quem diga que esse é um motivo justo, mais para não ser ingrata prefiro me referir a você meu pedido de perdão. Pena que não posso dizer vou voltar a escrever com a frequência de antes, pois agora, eu to morando no RJ, meu filho, e meu marido, por eles vale até parar de respirar-escrever... Não acho que seja preciso para de escrever, mais sei que os dois são escolhas mais urgentes para esse momento, fraldas, banhos, natação, papa, risos, e soluços. Um bom banco pra sentar e descansar agente sempre retorna quando gosta, aqui quero sempre estar, escrever, poetizar, viver antecede a tudo!!! com sua licença vou Viver.