quarta-feira, 26 de março de 2008

Os poetas me são bem mais uteis que o BBB

"Toalha nova não enxuga
Edredom novo não esquenta
Meia nova tem cheiro de luva

Mas na vida aprendi que com o suor tudo isso muda"

(poesia Suor, de Carlos Drummond de Andrade).

Meu mergulho nessa poesia foi fatal, acho que quanto menos eu escrever aqui mais Drummond será significativo, tenho a sensação de estar intrometendo em seu devaneio. Quanto mais eu posto alguma coisa aqui mais eu me vejo escrevendo sobre poesia, ou a partir de um poema. Tenho vivido em um tempo que eles me falam muito, ebuli em mim, cada palavra me parece armada, munida para me atingir até as entranhas.
Me seguro para não pensar, mais não tenho sucesso, sempre penso o mundo tem tão pouca poesia na tv, nada de poesia no que chamam de realidade (BBB), nos outdoors, na minha e na sua boca. Antes eu mesmo dizia que algo utópico, seria poético, hoje eu chego a pensar que a poesia me da mais acesso a realidade do que ver o Big Brother, na poesia vejo mais noticias essenciais sobre o ser humano do que no Jornal Nacional, acho que vejo melhor meus próprios sentimentos na poesia do que olhando para mim mesma.
A cada instante novidades sobre os participantes do BBB, fizeram xixi quentinho, espirraram, fizeram e aconteceram, show da realidade?
Xii, show mesmo quando me deparo com Adelia Prado, com Drummond, com Cicilia Meireles trazendo a realidade ato, de coisas que sinto, penso, e muito pouco consigo dizer sobre, realidades profundas e outras tão razas que nem percebo quando olho.

Deixo novamente pra Drummond o que não sei dizer das realidades que todo mundo vê e não olha:

As mulheres apressadas não conversam.
Apenas exibem os dotes.
Os homens de terno mal se cumprimentam
e já começam a falar de números.
Os mais jovens querem aproveitar intensamente a vida
mas se esquecem de tirar de fone de ouvido.

Esta cidade é um açougue.
Será que sou carne nobre ou carne moída?


Nesse mundo de tanta (in)realidade é difícil saber o que é nobre o que é moído?

11 comentários:

Unknown disse...

Olá Maria Célia,
procurando o prefácio do livro encontrei seu blog que é bem interessante e de suas palavras: "Lutei contra meus contornos, limites, hoje não mais..." Muito bem escrito, muito bem vivido. Parábens!

Wagner Hamilton
http://wamirra.spaces.live.com/

Anônimo disse...

Oi prima, que saudade!!
Fazia tempo que não entrava em seu blog, vc continua escrevendo verdades críticas, com poesia!!
Estou com muitas saudadesss...esperando pra ver sua barriga enorme!!!daqui uns dias nos vemos na Divisa Nova!!
Bjos..Amo vcs!!!
Cíntia

Anônimo disse...

Vc tem razão...E muito me entristece essas mulheres meninas que de criação do Deus Divino se tornaram um pedaço de carne! Os homens a desejam como a um pedaço de picanha fresca em um churrasco...Isso não faz sentido!!! Menos ainda, faz sentido elas gostarem de ser desejadas dessa forma....Meu Deus! Onde vamos parar????!!!!

Anônimo disse...

Diz um dito popular que "O saber não ocupa espaço".
Talvez seja por isso que todo poeta é dotado de grande sensibilidade e ainda tem espaço ocioso.
Sofrer faz versos no espaço,
Sorrir faz versos do espaço.
Faça da Divisa seu espaço de versos

Família Silva Reis disse...

Raspudim da divisa, quem é vc?

Anônimo disse...

Oi Shela.....,
to aqui passeando pelo seu blog e estou cada vez mais encantada com suas palavras, com seu jeito único de escrever. É muito bom poder ver seu amadurecimento na escrita, suas palavras transmitem muito sentimento.......
PARABÉNS.......
Bjssss........
Liliana Motta

Anônimo disse...

Não faz diferença quem sou eu, o que me faz diferente é ADORAR poesia e a DIVISA.
Por acaso a tinta da sua caneta não era vermelha?
Continue escrevendo!

Família Silva Reis disse...

Não entendi a história da caneta vermelha?

Anônimo disse...

...é um verso de Allan Poe.

Anônimo disse...

...é um verso de Allan Poe.

Anônimo disse...

Quando sobrar tempo, faça uma visita:
http://www.veropoema.com.br/

 
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